LOVE TO A MONSTER
de Jonas Van Holanda
a posição de intermediário, concedida ao monstro marinho nas representações coloniais, faz referência à histeria normativa e binária ainda contemporânea. Esse dualismo foi sendo tecido a par da demonização dos corpos pós-identitários. Ao convocar esses intermediários, falo de corpos trans*; referidos como seres entre meios entre os legítimos: o masculino e feminino. Encontro vestígios dessa legitimidade na história do colonialismo sul-americano e faço paralelos ao teratismo (aberração) recorrente nos mapas e nas crónicas do tempo colonial. Carrego esses resíduos num objeto-correspondência a partir do Ipupiara (do tupi: monstro marinho primeira representação desse monstro no Brasil, pelo cronista Pero de Magalhães Gândavo); para validar um território inócuo e subverter a noção de monstro.
Jonas Van Holanda (Fortaleza, Ceará, Brasil): é artista, pesquisador de interferências e trânsitos poéticos além de alquimista vegetal. O seu trabalho é baseado em subverter relações semânticas e criar novas identidades para os organismos minerais, vegetais e animais. Estudou Artes Visuais na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Entre suas exposições mais recentes destacam: 5ª edição do Prêmio Energias na Arte no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo), Lastro em Campo no SESC Consolação (São Paulo), Paralaxe na Caixa Preta (Rio de Janeiro), Transburger na Casa de Artes de Paquetá (Rio de Janeiro) com o coletivo Transburger e Sandwich Generation no Capacete (Rio de Janeiro). Publicou “duas luas em um céu vermelho” pela editora Rébus (Rio de Janeiro). Trabalhou na 32ª Bienal de São Paulo na obra-restaurante Restauro de Jorge Menna Barreto. Esteve recentemente em residência na Casa Matony, em La Paz, Bolívia, com a curadoria de Beatriz Lemos (LASTRO) e no Centro de Investigação Artística HANGAR (A residência foi realizada em conjunto com o Instituto Tomie Ohtake (Brasil), com patrocínio do Instituto EDP, sendo o artista vencedor da 5ª edição do Prêmio Energias na Arte, 2016). Atualmente vive e trabalha em Lisboa.
FICHA ARTÍSTICA
Criação: Jonas Van Holanda
Coordenação: Maria Gil
Acompanhamento: Maria Gil, Marta Lança e Sara Anjo
Registo fotográfico: Joana Linda
Produção residência: Teatro do Silêncio 2017
Parceria: Projecto Pulsar da Junta de Freguesia de Carnide 2017
Projecto apoiado no âmbito do RAAML – Regulamento de Atribuição de apoios no Município de Lisboa e inserido na Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-americana de Cultura 2017
As residências artísticas de 2017 estão inseridas na A Sul – Plataforma de criação para artistas que habitam ou cruzam o espaço Ibero-americano, direccionada para a pesquisa, a investigação e a experimentação artísticas. A Sul pretendeu ser ainda um lugar de encontro e de reflexão entre artistas, e entre artistas e a cidade de Lisboa.
DATAS
1 de Maio a 15 de Julho de 2017, período de residências, Lavadouro Público de Carnide, Lisboa
15 de Julho de 2017, apresentação pública, Lavadouro Público de Carnide, Lisboa
Outras apresentações
16 de Maio de 2017, sessão de partilha com o GEU – Grupo Interdisciplinar de Estudos Urbanos, Universidade de Lisboa, Lavadouro Público de Carnide, Lisboa