Da residência em Carnide, agora: a expectativa de partilhar afetos num bairro comum, enquanto escrevo. Sobre o quê? Voltar a Lisboa, ao peso existencial de não pertencer, ou de pertencer afinal, de uma forma nova, sempre diferente; os turistas, os amigos com filhos, os turistas dos amigos com filhos, a condição de ser turista na minha cidade, e em qualquer lugar, hoje. Voltar à poesia, ao incómodo de olhar as próprias mãos assumirem o gesto inócuo de brincar com o espaço das palavras, entre o chão e a terra.

Rita Brás (Lisboa, 1980): Estudou cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema e é licenciada em antropologia na universidade do Rio de Janeiro. Realizou os documentários: Aqui, a Ocasião, A Ocasião Seguinte, Trésor e Minha Vizinha, apresentados em diversas mostras e festivais. Ilustrou um livro infanto-juvenil publicado em Belo Horizonte (2011). Atualmente trabalha na área do activismo ambiental em colaboração com o Centro de Tecnologia Mineral do Rio de Janeiro e com o Centro de Estudos Sociais de Coimbra.

FICHA ARTÍSTICA

Artistas em residência: Miguel Cardoso, Rita Brás, Rita Natálio, Virgínia Mota
Coordenação: Maria Gil
Acompanhamento: Maria Gil e Marta Lança
Registo fotográfico: Joana Linda
Produção residências: Teatro do Silêncio 2017
Parceria: Projecto Pulsar da Junta de Freguesia de Carnide 2017

Projecto apoiado no âmbito do RAAML – Regulamento de Atribuição de apoios no Município de Lisboa e inserido na Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-americana de Cultura 2017
As residências artísticas de 2017 estão inseridas na A Sul – Plataforma de criação para artistas que habitam ou cruzam o espaço Ibero-americano, direccionada para a pesquisa, a investigação e a experimentação artísticas. A Sul pretendeu ser ainda um lugar de encontro e de reflexão entre artistas, e entre artistas e a cidade de Lisboa.